quarta-feira, 13 de agosto de 2014

MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO CML – BDA INF PQDT CENTRO DE INSTRUÇÃO PARAQUEDISTA GENERAL PENHA BRASIL


MINISTÉRIO DA DEFESA
EXÉRCITO BRASILEIRO
CML – BDA INF PQDT
CENTRO DE INSTRUÇÃO PARAQUEDISTA GENERAL PENHA BRASIL




(Escola de Pára-Quedistas / 1945)
Divisão de Ensino
AVALIAÇÃO TÉCNICA dos Candidatos ao 13/1-Curso de Precursor Páraquedista
(Anexo F às IRISM/CIPqdt GPB)
FICHA DE ORIENTAÇÃO AO CANDIDATO
1. Assuntos a serem abordados na Avaliação Técnica
a. Higiene, Profilaxia e Primeiros Socorros (HPPS)
O candidato será avaliado durante a execução de uma pista de HPPS.
b. Topografia e Orientação em Campanha
A avaliação será composta de duas partes. Na primeira parte o candidato realizará uma
prova escrita sobre os assuntos Direção e Azimutes e Coordenadas e Locação de Pontos na
Carta. A segunda parte da prova será prática, constituida por uma Pista de Orientação Diurna e
por uma Pista de Orientação Noturna.
c. Instrução Individual para o Combate
A avaliação será dividida em duas partes. Na primeira parte, o candidato deverá
executar duas passagens na Pista de Cordas. A primeira passagem será realizada pelo candidato
desequipado, no tempo máximo de 6 (seis) minutos e 40 (quarenta) segundos. A segunda
passagem será realizada pelo candidato portando o armamento e equipamento individual
(Fardo Aberto), no tempo máximo de 9(nove) minutos e 40(quarenta) segundos.
Na segunda parte o candidato executará uma avaliação de Natação Operacional,
realizando as seguintes atividades:
1) Flutuação, em dupla, armado de fuzil tipo “pau de fogo” e equipado com o
fardo aberto, conforme padronização do Cur Prec Pqdt, no tempo mínimo de 15min, sem perder
ou abandonar nenhum tipo de material;
2) Deslocamento total de 200m em superfície aquosa. Os primeiros 50m serão
realizados com o nado de dorso. O segundo percurso de 50m será realizado com nado indiano.
O terceiro percurso de 50m será realizado conduzindo a mochila à frente do corpo. E o último
percurso de 50m será realizado com a mochila sendo rebocada pelo candidato. A atividade
deverá ser realizada sem o auxílio de flutuadores e sem apoiar-se no fundo da piscina, armado
de fuzil tipo “pau de fogo” e equipado com o fardo aberto, conforme padronização do Cur Prec
Pqdt, sem limite de tempo, sem perder ou abandonar nenhum tipo de material;
3) Desvencilhar-se de fardamento e equipamento em superfície aquosa sem o
auxílio de flutuadores e sem apoiar-se no fundo da piscina, armado de fuzil tipo “pau de fogo” e
equipado com o fardo aberto, conforme padronização do Cur Prec Pqdt, no tempo limite de 20
min, sem perder ou abandonar nenhum tipo de material;
4) Executar a equipagem de fardamento e equipamento em superfície aquosa sem
o auxílio de flutuadores e sem apoiar-se no fundo da piscina, armado de fuzil tipo “pau de fogo”
e equipado com o fardo aberto, conforme padronização do Cur Prec Pqdt, no tempo limite de 20
min, sem perder ou abandonar nenhum tipo de material.
d. Armamento, Munição e Tiro
A avaliação será realizada na forma de oficinas onde serão verificados o conhecimento
dos assuntos relacionados, com ênfase às Características e ao Manejo dos diversos armamentos
previstos na Disciplina.
e. Explosivos e Destruições
A avaliação será realizada na forma de oficinas onde o candidato deverá executar a
preparação e a instalação de explosivos, com ênfase aos Assuntos 1 e 3.
f. Comunicações
A avaliação será realizada na forma de oficinas onde o candidato deverá executar a
identificação, instalação, sincronização e operação dos equipamentos rádio do Gp I, com ênfase
ao Assunto 4.
g. Patrulhas
A avaliação será feita na forma de prova escrita onde serão verificados os Assuntos desta
Disciplina, com ênfase a confecção de Quadro Horário, elaboração do Esquema de Manobra,
elaboração do Plano de Deslocamento/Embarque e a elaboração do Croqui de ocupação do
PRPO.
2. Quadro Horário (*)
14 Mar 2013 (NOITE) TOPOGRAFIA
15 Mar 2013 (TARDE) EXPLOSIVOS E DESTRUIÇÕES
15 Mar 2013 (NOITE) PATRULHAS
16 Mar 2013 (MANHÃ) PISTA DE CORDAS
16 Mar 2013 (TARDE) PISTA DE ORIENTAÇÃO DIURNA
16 Mar 2013 (NOITE) PISTA DE ORIENTAÇÃO NOTURNA
17 Mar 2013 (MANHÃ) ARMAMENTO, MUNIÇÃO E TIRO
17 Mar 2013 (NOITE) COMUNICAÇÕES
18 Mar 2013 (MANHÃ) NATAÇÃO OPERACIONAL
19 Mar 2013 (MANHÃ) PISTA DE HPPS
(*) Esta previsão poderá ser alterada a critério da Direção de Ensino.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

APH TÁTICO: PARTICULARIDADES DO ATENDIMENTO



 BOMBEIRO TIAGO DOMINGUES LEITE

                                APH TÁTICO: PARTICULARIDADES DO ATENDIMENTO


    







RIO DE JANEIRO 
2014








Trabalho de conclusão de curso apresentado
à Escola de Saúde do Exército como requisito
para obtenção de Grau de Pós-Graduação
Lato Sensu, especialização em Aplicações
Complementares às Ciências Militares.
Orientador: Coronel Pedro Geraldo Pinheiro
dos Santos
Coorientador: 1º Tenente Márcio Vinícius da
Conceição Ribeiro



1º Ten Al PEDRO FERREIRA PASETTO
APH TÁTICO: PARTICULARIDADES DO ATENDIMENTO
COMISSÃO DE AVALIAÇÃO
PEDRO GERALDO PINHEIRO DOS SANTOS - Coronel
Orientador
MÁRCIO VINÍCIUS DA CONCEIÇÃO RIBEIRO – 1º Tenente
Coorientador
GABRIELA PRADO PEREIRA – 1º Tenente
Avaliador
RIO DE JANEIRO
2014
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo enfocar o surgimento do atendimento
pré-hospitalar (APH) tático, as particularidades dos seus integrantes, e o emprego
deste serviço nas forças armadas, a fim de disponibilizar, de forma concisa, o
conhecimento sobre o assunto aos médicos militares e a todos os profissionais da
saúde. Tratará de uma pesquisa bibliográfica, exploratória, com forma de abordagem
qualitativa; um resumo do tema revisado em livros que abordem o assunto, além de
artigos publicados em periódicos e disponibilizados na rede mundial de
computadores, compreendidos entre janeiro de 1990 e julho 2010. Profissionais
especializados nesse tipo de atendimento são fundamentais para a Força Terrestre
brasileira, uma vez que a atividade militar envolve inúmeros riscos, e há chance de,
num conflito, militares serem alvejados gravemente.
Palavras-Chave: APH; Medicina militar; Medicina tática; APH tático.
ABSTRACT
This paper aims to focus the emergence of tactical prehospital care, the
particularities of their members, and the use of this service in the Army, in order to
make available in concise form the knowledge on the subject for military doctors and
all health professionals. Deal of bibliographic review, with an exploratory research
and qualitative approach; a summary of the subject reviewed in books about the topic
and articles published in journals and made available on the World Wide computers,
anging from January 1990 to July 2010. Professionals specializing in this type of care
are fundamental to the Brazilian Army, once the military activity involves many risks,
and there is a chance in a conflict, soldiers being seriously shot.
Key-Words: Prehospital care; Tactical medicine; Military medicine; Tactical
prehospital care.


SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 07
2 DESENVOLVIMENTO........ ...................................................................... 08
2.1 METODOLOGIA......................................................................................... 08
2.1.1 Tipo de pesquisa...................................................................................... 08
2.1.2 Método utilizado para a coleta de dados............................................... 08
2.2 HISTÓRIA DO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR................................ 08
2.3 SUPORTE MÉDICO EM OPERAÇÕES TÁTICAS.................................... 11
2.4 PARTICULARIDADES NECESSÁRIAS AOS INTEGRANTES DO
SMEOT....................................................................................................... 16
2.4.1 Composição das equipes de SMEOT..................................................... 18
2.4.2 Equipamento necessário às equipes de SMEOT.................................. 19
2.5 PLANEJAMENTO PARA AS OPERAÇÕES DE SUPORTE MÉDICO DE
EMERGÊNCIA........................................................................................... 22
2.6 TRIAGEM................................................................................................... 23
2.6.1 Sistemas de triagem................................................................................. 25
2.7 FUTURO..................................................................................................... 27
3 CONCLUSÃO............................................................................................ 29
REFERÊNCIAS.......................................................................................... 30


1 INTRODUÇÃO
Atendimento pré-hospitalar (APH) é o atendimento emergencial em ambiente
extra-hospitalar (fora do hospital). Ambiente tático e’ o local de atuação das forças
militares durante a missão. Atendimento pré-hospitalar tático (APH tático) é o
atendimento de feridos no ambiente tático, e apresenta desafios únicos para os
profissionais que atuam nesse ambiente, onde se incluem os prestadores de
serviços médicos de emergência. Médicos e socorristas táticos devem ter uma
compreensão e consideração para com as táticas militares e objetos específicos das
missões quando planejam e prestam assistência médica nesse ambiente
(AUERBACH, 2007).
O conhecimento do ambiente tático, bem como a preparação para atuação
em tal ambiente, deveria ser prioridade dos médicos integrantes da Força Terrestre
brasileira. O militar é preparado para guerra, para a defesa da soberania nacional,
para garantia da lei e da ordem. O médico militar também é preparado para a guerra,
e essa é sua principal função: garantir a saúde dos combatentes, seja atuando na
prevenção ou no tratamento de lesões e/ou doenças que os venham molestar.
Entretanto, a maiorias desses profissionais não possui, nem adquire durante sua
formação, conhecimento sobre trauma e atendimento pré-hospitalar, principalmente
em ambiente tático, onde se atua em condições extremas: na escuridão, sob fogo
hostil, etc.
Este trabalho tem o objetivo de enfocar o surgimento do APH tático, as
particularidades dos seus integrantes, e o emprego deste serviço nas forças
armadas, além de mostrar a importância do treinamento dos médicos militares e do
investimento no aperfeiçoamento e constante atualização deste serviço. Tendo em
vista que a doença trauma, e consequentemente o seu tratamento, principalmente
fora do ambiente hospitalar, e as particularidades desse atendimento em regiões
hostis não são tratados nas escolas de formação médica, em sua maioria, este
trabalho pretende estimular os profissionais da saúde a aperfeiçoarem-se nessa
área, a fim de melhor servir ao Exército Brasileiro e garantir a saúde dos nossos
combatentes em qualquer terreno ou missão.
8
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 METODOLOGIA
2.1.1 Tipo de pesquisa
O presente trabalho tratará de uma pesquisa bibliográfica; um resumo do
tema revisado em livros que abordem o assunto, além de artigos publicados em
periódicos e disponibilizados na rede mundial de computadores, compreendidos
entre janeiro de 1990 e julho 2010. Quanto ao objetivo, tratar-se-á de uma pesquisa
exploratória; quanto ao objeto e procedimento técnico, pesquisa bibliográfica; quanto
à forma de abordagem, qualitativa.
2.1.2 Método utilizado para a coleta de dados
Para a coleta de dados, serão utilizados sites como PubMed, Science Direct e
MD Consult. Nesses sites, os artigos serão procurados conforme as palavras-chave
tactical medicine, prehospital, trauma e military. Serão utilizados artigos publicados
entre janeiro de 1990 e julho de 2010.
2.2 HISTÓRIA DO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR
O atendimento pré-hospitalar (APH) teve início no final do século XVIII, com o
Barão Dominick Jean Larrey (figuras 1 e 2) , cirurgião-chefe militar de Napoleão
Bonaparte. Larrey desenvolveu as “ambulâncias voadoras” (figuras 3 e 4), pois notou
a necessidade de remoção rápida dos combatentes atuantes na frente de batalha.
Esse cirurgião notou, ainda, que os homens que trabalhavam nessas ambulâncias
deveriam ter treinamento em cuidados médicos para dar assistência às vítimas no
próprio local do incidente e no transporte das mesmas até seu tratamento definitivo
(NAEMT, 2007).
9
Figura 1: Foto de Dominick Jean Larrey.
Fonte: http://www.medicinaintensiva.com.br/personagens.htm
Figura 2: Pintura de Dominick Jean Larrey.
Fonte: http://www.psiquiatrianet.com.br/educacaomedica01/histmed.htm
Figura 3: Projeto da “ambulância voadora” idealizada por Larrey.
Fonte: http://linhasdetorres.blogspot.com
10
Figura 4: “Ambulância voadora”
Fonte: http://enfermagemprehospitalar.wordpress.com
Exigências da guerra causaram uma evolução nos cuidados médicos
militares, como inovações nos equipamentos, por exemplo. Lições aprendidas
durante a Guerra Civil Americana, 1861-1865, foram posteriormente aplicadas no
meio civil para o atendimento pré-hospitalar (NAEMT, 2007).
Figura 5: Exemplo de ambulância utilizada no século XIX.
Fonte: http://samublu.blogspot.com
O Dr. J.D. Farrington, em 1967, passados quase dois séculos da invenção de
Larrey, foi o grande responsável pelo melhoramento do APH, estabelecendo as
bases dos serviços médicos de emergência (SME), como lista de equipamentos
essenciais para as ambulâncias (apud NAEMT, 2007).
A National Association of Emergency Technicians (NAEMT) em cooperação
com o Comitê de Trauma do Colégio Americano de Cirurgiões, no livro PHTLS –
11
Prehospital Trauma Life Support (NAEMT, 2007; p.07), relata a importância do Dr.
Farrington para a qualificação do APH:
O Dr. Sam Banks e o Dr. Farrington ensinaram o primero curso de
atendimento pré-hospitalar no Departamento de Corpo de Bombeiros de
Chicago, em 1957, iniciando, assim, o atendimento adequado ao paciente
traumatizado.
O suporte médico em emergências táticas iniciou formalmente em 1989, com
o primeiro curso formal de suporte médico às operações especiais de aplicação da
lei, com uma equipe da SWAT (Special Weapons And Tactics - Armas e Táticas
Especiais), nos Estados Unidos (SCHWAETZ, McMANUS e SWINTON, 2008).
Em 1969, por intermédio da Portaria Ministerial Nr 02/Res, foi criado no Brasil
o Destacamento de Saúde Pára-quedista (DST Sau Pqdt).
Em 1977, um grupo de oficias e praças do Dst Sau Pqdt realizou o curso de
ATLS (Advanced Trauma Life Support), com finalidade de otimizar o apoio
de saúde às missões aeroterrestres, bem como qualquer atividade que
enfolva emprego dos elementos de saúde em qualquer localização território
nacional, nos mais curto intervalo de tempo. Com os modernos
conhecimentos adquiridos do ATLS e a devida adequação às necessidades
do Exército Brasileiro, surge uma vertente do Serviço de Saúde do Exército:
a Assistência Pré-Hospitalar/Resgate.
(http://www.exercito.gov.br/06OMs/Saude/destsau/indice.htm).
Figura 6: Destacamento de Saúde Pára-quedista.
Fonte: http://www.exercito.gov.br/06OMs/Saude/destsau/indice.htm
2.3 SUPORTE MÉDICO EM OPERAÇÕES TÁTICAS (SMEOT)
O suporte médico em operações táticas é a assistência médica integrada e
abrangente, a consulta e a administração de informações médicas em
operações táticas, que contribuem para a segurança e o sucesso de uma
missão que é primariamente militar. (NAEMT, 2007; p.530).
12
Bradley, Wipfler, Pfeifer et al (apud CAMPBELL, 2008; p.415) definem
suporte médico de emergência às operações táticas como:
O fornecimento de serviço médico de emergência às operações especiais
militares, e a provisão de cuidados abrangentes de saúde aos membros das
unidades táticas numa base contínua, mantendo sua saúde física e mental
para aperfeiçoar o desempenho da equipe tática.
A medicina tática de emergência é uma especialidade médica em franca
expansão que exige e utiliza uma ampla gama de habilidades do médico (RAMIREZ
e SLOVIS, 2009). É a medicina realizada em conjunto ou em resposta às operações
militares (McDEVITT, 2001), definida como uma subespecialidade da medicina de
emergência (LLEWELLYN, 2003). O cuidado às vítimas no combate tático é um
sistema de atendimento pré-hospitalar ao trauma projetado especificamente, com
todas as suas particularidades, para o ambiente tático (TIEN, JUNG, RIZOLI et al
2009). Apesar dos profissionais atuantes nessa área necessitarem de extrema
competência para reanimação dos pacientes nas operações militares, o SMEOT vai
muito além do controle agudo do trauma, passa também pela medicina preventiva
(DE LORENZO apud NAEMT, 2007).
O Exército nem sempre providenciou cuidados médicos durante o combate.
Ao longo da maior parte da história, quando feridos, os soldados dependiam apenas
de si mesmos, ou então da compaixão dos seus companheiros. O Império Romano-
Germânico foi uma exceção notável, pois tinha estabelecido um sistema de cuidados
de saúde para seus combatentes, com as denominadas valetudinaria, hospitais
militares nos seus postos fronteiriços (NAEMT, 2007).
Entretanto, com a queda do Império, a idéia de responsabilidade do Exército
para com a saúde dos seus soldados foi perdida por séculos, até os tempos
de Napoleão.” (NAEMT, 2007; p.493).
Como já citado, os conceitos de rápida evacuação do campo de batalha e
rápido transporte das vítimas para hospitais de campo surgiram com o exército
francês, e foram grandemente expandidos durante a Guerra Civil Americana. Apesar
disso, nas fases iniciais da Guerra da Secessão, os soldados feridos ficavam até
cinco dias no campo de batalha à espera de socorro (NAEMT, 2007).
13
Figura 7: Exemplo de atuação médica em ambiente tático.
Fonte: http://www.attacinternacional.com
Foi na Guerra do Vietnam, na década de 1960, que os médicos militares
iniciaram os cuidados de primeiros socorros no local onde o combatente havia sido
alvejado, ou seja, no próprio campo de batalha, além de realizarem a evacuação
rápida desses soldados para os hospitais de trauma (NAEMT, 2007).
Desde a década de 1980, a área especializada em medicina tática evoluiu,
com o crescente apoio de numerosas organizações médicas e de aplicação da lei
(METZGER, EASTMAN, BENITEZ et al, 2009). O campo de atuação do SMEOT
vem crescendo e ganhando grande aceitação tanto na esfera da medicina quanto na
área militar; está se desenvolvendo como uma prática baseada em evidências
(CARMONA, 2003).
Agências de aplicação da lei estão reconhecendo a importância e a
necessidade de cuidados médicos de emergência disponíveis na cena de
qualquer incidente que envolva operações táticas. (HEISKELL e
CARMONA, 1994; p.778).
O apoio das equipes de suporte médico a emergências táticas permite, além
de um atendimento adequado e rápido na cena àqueles que necessitam, uma
triagem médica rápida pós incidente e a execução de pequenos tratamentos que
evitam um transporte desnecessário ao pronto-socorro (METZGER, EASTMAN,
BENITEZ et al, 2009). Porém, a atmosfera potencialmente volátil e perigosa em
torno das operações táticas pode provocar graves lesões àqueles envolvidos na
operação, sejam eles oficiais, reféns, suspeitos ou até mesmo transeuntes. Tendo
14
em vista a particularidade e periculosidade dessas situações, uma abordagem
tradicional dos serviços médicos de emergência (SME) pode expor a equipe de APH
a grandes riscos, e até mesmo atrapalhar e/ou interromper a missão militar. Para
atender a essas necessidades, o SME deve ser especializado e treinado para
trabalhar em conjunto e fornecer suporte às equipes táticas (HEISKELL e
CARMONA, 1994).
Figura 8: Combatente em treinamento de atendimento a companheiro ferido
durante o combate.
Fonte: http://www.resgatetatico.com.br
Heiskell, Olesnicky e Welling (apud AUERBACH, 2007) também alertam para
o fato de que a medicina tática varia em relação ao ATLS (Advanced Trauma Life
Support), onde se preconiza a segurança da equipe e se possui os meios
necessários para o atendimento, inicial e definitivo, do paciente. O ambiente tático
não é seguro, além da equipe poder encontrar-se a horas de um local para cuidado
definitivo da vitima, operando a céu aberto sob condições ambientais extremas.
Mesmo no teatro de combate moderno, as vítimas tratadas pelos médicos
militares apresentam, numa porcentagem significativa, eventos ou emergências
vistas muitas vezes no ambiente civil. Apesar disso, existem diferenças significativas
entre o APH civil e o APH militar (tabela 1).
15
Tabela 1: Diferenças entre atendimento pré-hospitalar civil e militar
APH Civil APH Militar
Pacientes são normalmente limitados
quanto ao número, e necessidades
médicas não são oprimidas.
Um grande número de vítimas e lesões
podem rapidamente oprimir recursos
disponíveis.
Pacientes estão localizados em áreas
seguras.
Vítimas localizadas em áreas inseguras.
Acesso a suprimentos e suporte está
disponível.
Recursos são limitados, e os provedores
estão isolados.
A fase pré-hospitalar geralmente é curta.
A fase pré-hospitalar geralmente é
extensa.
Tempo de evacuação para cuidado
definitivo normalmente é curto.
Evacuações podem ser retardadas ou
prolongadas.
Fonte: National Association of Emergency Medical Technicians. PHTLS –
Prehospital trauma life support military edition. 6a. Ed. Elsevier. 2007 –
adaptado.
A prática do SMEOT baseia-se na compreensão de um único princípio básico:
as decisões médicas devem ser tomadas com base numa avaliação de custobenefício,
ou seja, a comparação entre o tempo, exposição, recursos necessários
para uma abordagem ou determinada intervenção (custo) com os benefícios em
potencial de toda a missão (NAEMT, 2007).
A função primária do sistema de SMEOT é de realizar a ligação entre o local
onde ocorre a lesão e a entrada adequada do paciente no sistema de saúde
(NAEMT, 2007). A presença dessas equipes na cena diminui a morbi-mortalidade de
lesões sofridas durante as operações, contribuindo para o sucesso da missão e para
a segurança e saúde da equipe tática (RINNERT e HALL, 2002).
16
Figura 9: Combatente alvejado durante operação policial militar necessitando
de cuidados médicos de urgência.
Fonte: http://www.assault.com.br
2.4 PARTICULARIDADES NECESSÁRIAS AOS INTEGRANTES DO SMEOT
Liderar um sistema de saúde de combate é uma tarefa muito complexa que
exige uma estrutura de comando e controle e uma mistura de conhecimentos
técnicos e táticos únicos (SARGENT, 2008). Em ambiente de combate, existem
limitações diferentes às encontradas no ambiente não-tático, como fogo hostil,
escuridão, limitação de recursos, tempo de evacuação prolongado, questões
singulares de transporte de vítimas no campo de batalha, decisões táticas e de
comando que afetam os cuidados de saúde, ambientes extremos, etc. Médicos
militares devem possuir treinamento em APH tático e devem saber quando aplicá-lo
(NAEMT, 2007).
Pode ser crucial para o médico de combate ajudar a suprimir o fogo inimigo
antes de tentar prestar cuidados. Isso pode ser especialmente verdadeiro
em uma unidade de operações pequena, onde o poder de fogo é limitado e
as armas de todos os homens podem ser necessárias para vencer.
(NAEMT, 2007; p. 500).
17
Figura 10: Atendimento inicial em ambiente hostil.
Fonte: http://www.resgatetatico.com.br
O despreparo do profissional atuante nas zonas de conflito pode tanto
prejudicar tanto a missão tática propriamente dita, quanto colocar em risco a vida
dos integrantes da equipe. Esse profissional deve ser equipado e treinado a fim de
desenvolver habilidades únicas para atender às demandas necessárias às equipes
de SMEOT (BRADLEY, WIPFLER, PFEIFER et al apud CAMPBELL, 2008). É
necessário, por exemplo, conhecimento multidisciplinar para os cuidados de
prevenção (CARMONA apud SCHWARTZ, McMANUS e SWIENTON, 2008). Além
disso, o militar da saúde deve ser regido por um sentimento de desapego e gratidão
pela possibilidade de fazer o bem ao próximo. Rhee, Holcomb e Jenkins (apud
FELICIANO, MATTOX e MOORE, 2008; p. 1107) definem com precisão esse
sentimento:
Na medicina militar, não há maior honra e privilégio que a oportunidade de
servir os homens e mulheres das forças armadas durante a guerra. Cuidar
de vítimas de combate é a recompensa final para todo o pessoal médico
militar. Trabalhar em um ambiente austero, com recursos limitados e
salvando vidas é uma experiência humilhante e intensamente emocional. A
oportunidade de ajudar os feridos, independentemente do contexto político
do desastre, é gratificante, e representa uma ação altruísta e caridosa.
O médico tático, assim como os operadores táticos, precisa aderir aos
princípios de disciplina a respeito da luz e de ruído. Isso exige que o trabalho de
resgate e de tratamento no local sejam conduzidos de forma a eliminar sinais de luz
e de ruído, uma vez que numa situação tática o médico e/ou o socorrista pode
passar a ser um alvo. Sendo assim, o atendimento à vítima deve ser feito no escuro,
e a avaliação deve ser feita primariamente pelo tato (NAEMT, 2007).
18
Segundo Bradley, Wipfler, Pfeifer et al (apud CAMPBELL, 2008), o objetivo
dos profissionais da saúde atuantes no ambiente tático é cumprir a missão sem
lesão ou morte resultantes da intervenção da equipe, além da preservação da vida e
segurança de todos.
2.4.1 Composição das equipes de SMEOT
Quando se pensa na composição das equipes do serviço médico de
emergência em operações táticas, deve-se ter em mente as habilidades necessárias
aos integrantes dessas equipes, e qual status estes devem ocupar na operação, isto
é, devem ser qualificados primeiramente como membros táticos ou como socorristas
ou médicos somente (EASTMAN, SHARMA e HUEBNER apud SCHWARTZ,
McMANUS e SWIENTON, 2008).
Algumas equipes requerem que seus membros sejam oficiais juramentados
qualificados primeiramente como membros táticos e secundariamente como
médicos. Tal composição apresenta particularidades, como a infusão de confiança
nos outros membros da equipe e o atendimento aos requisitos para a manutenção
da segurança operacional; o médico pode providenciar sua própria segurança
quando não estiver cuidando de um paciente; o médico tem autoridade militar. Pode
ocorrer, porém, a chamada “confusão de papéis”, ou seja, esse membro da equipe
pode não saber se está atuando como médico ou como operador durante a missão.
Essa particularidade pode, e deve, ser superada com treinamento adequado e
liderança de comando (EASTMAN, SHARMA e HUEBNER apud SCHWARTZ,
McMANUS e SWIENTON, 2008).
Outras equipes preferem utilizar membros externos à operação tática como
provedores do SMEOT. A vantagem dessa abordagem é que o suporte médico é a
principal função do militar, ou da equipe de apoio, que não o deixa distrair-se por
outras funções. Na maioria dos casos, porém, tais profissionais dependem da equipe
tática para prover sua segurança todo o tempo, o que representa um risco à
segurança operacional da missão.
Sua relativa falta de habilidades táticas pode ser compensada com
treinamento rigoroso, e a maioria dos comandantes de equipe considera
mais fácil treinar um médico em questões táticas a ensinar medicina a um
19
operador tático. (EASTMAN, SHARMA e HUEBNER apud SCHWARTZ,
McMANUS e SWIENTON, 2008; p. 02).
A equipe de SMEOT é muito mais do que uma equipe de SME em um
ambiente menos permissivo. Esse tipo de atendimento engloba a necessidade de
inúmeras habilidades, como tomada rápida de decisão, conhecimento clínico e a
integração dos processos operacionais e médicos (EASTMAN, SHARMA e
HUEBNER apud SCHWARTZ, McMANUS e SWIENTON, 2008).
2.4.2 Equipamento necessário às equipes de SMEOT
Um sistema eficiente de SMEOT deve possuir equipamentos completos de
suporte avançado de vida a sua disposição (EASTMAN, SHARMA e HUEBNER
apud SCHWARTZ, McMANUS e SWIENTON, 2008), além de uniformes específicos
para cada situação, como colete balístico, capacete, balaclava, protetor auricular,
luvas, máscara de gás, equipamentos médicos básicos para proteção individual, por
exemplo (BRADLEY, WIPFLER, PFEIFER ET al apud CAMPBELL, 2008).
O material médico e a medicação necessários para prestar suporte podem ser
organizados de várias maneiras, de acordo com a preferência de cada unidade
(BRADLEY, WIPFLER, PFEIFER apud CAMPBELL, 2008).
“Se não está ligado a você, você não o terá lá quando precisar”. Essa é uma
filosofia simples que algumas equipes de SMEOT adotam quanto aos seus
materiais. Para isso, dividem os mesmos num sistema de três níveis; dois
permanecem com os membros da equipe todo o tempo, enquanto o terceiro
permanece protegido próximo ou no interior de um veículo (BRADLEY, WIPFLER,
PFEIFER et al apud CAMPBELL, 2008):
· Nível I: Colete tático médico com cinto, coldre, pacote de vias aéreas -
de perna (figuras 11 e 12);
· Nível II: Mochila de medicina tática (figura 13);
· Nível III: Bolsa de medicações e procedimentos avançados de
emergência de medicina tática (figura 14).
20
Figura 11: Bolsa de equipamentos nível 1.
Fonte: http://www.chicouniform.com
Figura 12: Colete médico tático nível 1.
Fonte: http://www.tacticaltech1.com
Fig13: Mochila de equipamentos médicos nível 2.
Fonte: http://www.lifemedicalsupplier.com\tactical-area-c-334.html
21
Fig14: Bolsa de equipamentos médicos nível 3.
Fonte: HTTP://www.rescuebags.co.uk
Existem diversas maneiras de montar as bolas e mochilas de equipamentos
necessários no APH; a montagem das mesmas deve levar em consideração a
necessidade e a experiência da equipe. Cada membro médico é responsável pela
montagem e verificação de seus kits.
Eastman, Sharma e Huebner (apud SCWARTZ, McMANUS e SWIENTON, 2008)
sugerem algumas configurações já testadas e aprovadas em missão:
1. Kit individual de primeiros-socorros: todo operador deve carregar um kit
de primeiros-socorros em localização padronizada. Deve conter equipamento
básico para via aérea, controle da hemorragia, curativo torácico (material para
suporte básico das vias aéreas, ventilação e circulação – ABC do trauma);
2. Colete de intervenção rápida ou bolsa de perna (bolsa de entrada):
deve conter equipamento para controle da hemorragia, toracocentese e
manejo de via aérea.
3. Bolsa de auxílio médico: montada de acordo com a necessidade da
missão. Não é utilizada na zona quente, de conflito, mas deve estar disponível
assim que possível para utilização.
4. Bolsa-remoto de suporte avançado de vida: deve conter
equipamento para manejo avançado de via aérea, caixa de medicamentos
controlados, desfibrilador externo automático (DEA), kits de punção venosa,
drogas necessárias ao suporte avançado de vida, kits de trauma, de parto, de
suporte básico de vida; além disso, deve conter colar cervical e GPS (Global
Positioning System). Entre outras particularidades, essa sacola deve conter
22
também um kit de resgate durante evacuação médica, que deve conter um
GPS de mão, granadas de fumaça, alimentos como barras de energia e
suprimentos para hidratação, baterias sobressalentes para rádios, telefones
celulares, etc.
2.5 PLANEJAMENTO PARA AS OPERAÇÕES DE SUPORTE MÉDICO DE
EMERGÊNCIA
Fornecer suporte médico de emergência nas operações táticas pode ser um
esforço perigoso. Por isso, os integrantes dos SMEOT devem estar muito bem
preparados para, por exemplo, prestarem cuidados médicos sob fogo em ambientes
austeros (McMANUS apud SCWARTZ, McMANUS e SWIENTON, 2008). O
planejamento é fundamental para garantir uma assistência médica adequada, no
lugar e na hora certos, sem interferir com os procedimentos táticos.
Embora o planejamento seja vital, há duas verdades concorrentes que
devem ser reconciliadas. Primeiro, “um planejamento prévio adequado
previne um desempenho ruim”, e segundo, “os melhores planos sempre
desmoronam quando projetis começam a voar”. (McMANUS apud
SCWARTZ, McMANUS e SWIENTON, 2008; p. 90).
Os integrantes da equipe médica que planejarão a operação devem
compreender a proposta do plano tático; devem estar intimamente familiarizados
com a unidade tática, suas capacidades, bem como sua táticas, técnicas e
procedimentos que irão influenciar os cursos de ação no objetivo. De posse desse
conhecimento prévio, o médico poderá antecipar que tipo de assistência poderá ser
necessária, e desenvolver uma avaliação do risco médico. O planejamento médico
deve ocorrer de maneira paralela ao planejamento tático (McMANUS apud
SCWARTZ, McMANUS e SWIENTON, 2008).
“Boa medicina” pode algumas vezes ser “má tática”, e “má tática” pode
resultar no fracasso da missão. (McMANUS apud SCWARTZ, McMANUS e
SWIENTON, 2008; p. 90).
Para um planejamento adequado da missão, algumas perguntas devem ser
realizadas (e respondidas): onde, quando e que tipo de suporte médico é
necessário? Quais são os tipos antecipados e o fluxo provável dos acidentes?
23
Para se obter respostas adequadas, devem-se analisar as capacidades do
inimigo (número de pessoal, armamento, prováveis cursos de ação, potencial para
agentes químicos, biológicos e nucleares...), o ambiente (topografia, clima, flora e
fauna...). Além disso, para um planejamento adequado, deve-se considerar a
capacidade de tratamento médico no local, a estratégia de evacuação, logística,
comando e controle e comunicação.
Devido a essas muitas variáveis, o planejamento médico pode ser muito difícil
de ser executado, necessitando de pessoal especializado e treinamento contínuo,
além de dever ser feito com muito critério e cuidado.
2.6 TRIAGEM
Triagem é um processo de classificação de vítimas em grupos baseado em
sua necessidade ou beneficio de um tratamento médico imediato. É um
processo reiterativo em que vítimas são priorizadas para tratamento e
evacuação, feita repetidamente em todos os níveis de atenção. (NAEMT,
2007; p. 548)
A origem da palavra triagem vem do francês trier, que significa classificar
(McMANUS apud SCWARTZ, McMANUS e SWIENTON, 2008). Assim como a
invenção das “ambulâncias voadoras”, o início da triagem também é atribuído ao
cirurgião das tropas de Napoleão Bonaparte durante a chamada era napoleônica.
Larrey foi o primeiro a estabelecer um sistema em que soldados que necessitavam
de cuidados imediatos fossem atendidos inicialmente, independente da classificação
(KENNEDY, AGHABABIAN, GANS et al, 1996).
A triagem de desastres apenas estabelece a prioridade de tratamento, não
que tipo de tratamento deve ser fornecido. Durante a triagem, as equipes médicas
de suporte a operações táticas devem concentrar-se em promover intervenções
necessárias para salvar a vida (McMANUS apud SCWARTZ, McMANUS e
SWIENTON, 2008). Segundo McManus, as intervenções necessárias para salvar a
vida incluem abertura das vias aéreas por reposicionamento (não se deve utilizar
procedimentos avançados), controle de sangramentos maiores utilizando torniquetes
ou compressão direta promovida pelo paciente ou por outros dispositivos,
toracocentese descompressiva de pneumotórax hipertensivo (McMANUS apud
SCWARTZ, McMANUS e SWIENTON, 2008).
24
Durante um desastre, ou em situações particulares como o ambiente tático, o
sistema fica sobrecarregado, ou os recursos tornam-se escassos. Por isso, a
prioridade é redirecionada do cuidado para com as vítimas mais doentes à
realização do melhor atendimento ao maior número de vítimas possível.
Fundamental para o processo de triagem é a avaliação do beneficio que uma
intervenção médica fornecerá (NAEMT, 2007).
Tipicamente, o médico mais experiente realizará a triagem inicial, uma vez
que esse membro é geralmente o profissional que está mais familiarizado
com o curso natural das lesões e quem melhor sabe quando o tratamento é
inútil. (NAEMT, 2007; p. 548)
O ambiente tático apresenta desafios particulares, não presentes nos
incidentes de desastre. Médicos podem ter de tratar das vítimas sob fogo, o que cria
condições muito perigosas, onde prioridades devem ser estabelecidas. O objetivo é
retirar o paciente da zona quente e lavá-lo a uma área onde o atendimento médico
possa ocorrer de maneira segura (McMANUS apud SCWARTZ, McMANUS e
SWIENTON, 2008).
O processo de triagem permite às equipes do SMEOT prever a possibilidade
do paciente sobreviver ou a necessidade de se realizar uma intervenção para salvar
a vida, o que permite determinar a prioridade de tratamento e/ou da evacuação
(BAXT, JONES e FORTLAGE, 1990).
Aqueles responsáveis pela triagem devem lembrar a todo tempo que
triagem não é tratamento, e que é necessário uma constante reavaliação
para identificar vítimas que se agravaram ou melhoraram. (NAEMT, 2007; p.
548).
Segundo a NAEMT (NAEMT, 2007), as intervenções-chave para triagem de
desastre são:
· Realizar a segurança da área e garantir a segurança da cena;
· Estabelecer o Posto de Comando (PC), Ponto de Coleta de Vítimas (PCC)
e rotas de acesso;
· Estimar o número inicial de vítimas, severidade do incidente e lesões, e
perigos adicionais (químicos, biológicos, nucleares [QBN]);
25
· Atribuir categorias iniciais de triagem; necessidade de intervenções
salvadoras da vida;
· Retriar com um extenso exame secundário enquanto o tempo permitir.
2.6.1 Sistemas de triagem
Existem diversos sistemas de triagem; os mais amplamente utilizados são o
START (Simple Triage And Rapid Treatment) e o MASS (Move, Assess, Sort, and
Send). O objetivo do sistema START (figura 15) é identificar lesões que possam
levar à morte em uma hora (SUPER apud SCWARTZ, McMANUS e SWIENTON,
2008). O MASS (figura 16) é um sistema baseado na capacidade da vítima de andar
e obedecer a comandos simples, e atribuiu a padronização da triagem militar
baseada no julgamento clínico e seu princípio: imediato, atrasado, mínimo,
expectante (COULE, SCHWARTZ e SWIENTON, 2003).
Segundo convenção internacional, apresentada em diversos livros de
atendimento pré-hospitalar e trauma, entre eles o da NAEMT - PHTLS (NAEMT,
2007), as vítimas são classificados por cores mediante a gravidade das lesões
apresentadas pelas mesmas:
· Verde (mínima): Lesões menores (pequenas queimaduras, escoriações,
fraturas pequenas). Podem cuidar de si mesmas e serem utilizadas nas
necessidades da missão (segurança da cena, por exemplo);
· Amarela (atrasada/retardada): Lesões que podem necessitar de cirurgia,
mas que a situação permite um pequeno atraso no tratamento definitivo.
Tratamento de manutenção deve ser iniciado (medicação e hidratação via
oral);
· Vermelha (imediata): Lesões que requerem tratamento imediato,
intervenções salvadoras da vida;
· Preta (expectante): Lesões incompatíveis com a vida.
26
Figura 15: Organograma START
Fonte: http://profandretta.blogspot.com/2007_11_01_archive.html
MORTO
PRETO
Vítimas deambulando
Lesões Leves
Respiração
Respira após
abertura VA
IMEDIATO
VERMELHA
Respirações
por minuto
< 30 > 30
IMEDIATO
VERMELHA
IMEDIATO
VERMELHA IMEDIATO
VERMELHA
Enchimento Capilar
> 2 segundos < 2 segundos
Nível de consciência
Não Cumpre Ordens Cumpre Ordens
Controle
Hemorragias
SECUNDÁRIO
AMARELA
PERFUSÃO
27
Figura 16: Organograma MASS
Fonte: SCWARTZ, Richard B; McMANUS, John G; SWIENTON, Raymond E.
Tactical emergency medicine. Lippincott Williams & Wilkins. Piladelphia, PA,
EUA. 2008
2.7 FUTURO
Observa-se o recrudescimento da violência nos grandes centros urbanos,
levando à necessidade, muitas vezes, da presença do Exército até mesmo nas ruas,
para garantia da lei e da ordem, ou em ocupações de ambientes hostis, por
exemplo. Sendo assim, a Força Terrestre do Brasil poderá ser utilizada cada vez
mais em batalhas assimétricas, guerras irregulares, contra terroristas, traficantes,
criminosos.
Médicos e militares continuarão a luta para treinar e equipar
apropriadamente as forças, dotando-as de recursos finitos, para minimizar
vítimas civis e inocentes, enquanto embosca e destrói o inimigo (...). O
Peça ao
paciente para
deambular
Paciente
classificado
como VERDE
Peça ao
paciente para
mover uma
extremidade
Paciente
classificado
como
AMARELO
Avalie o paciente
e execute
manobras simples
Paciente
classificado
como
VERMELHO
Paciente
classificado
como PRETO
Não Sim
Não Sim
28
sucesso tático e muitas vezes estratégico dos conflitos urbanos, no futuro,
poderá muito bem ser determinada pela execução pensada, deliberada e
proativa de apoio médico. (NAEMT, 2007; p. 589)
Eles são... o equivalente pós-moderno de selvas e montanhas – cidadelas
desapossadas e irreconciliáveis. Um militar despreparado para operações
urbanas, em um amplo espectro, não está preparado para o amanhã.
(PARAMETERS, 1996 apud NAEMT, 2007; p. 589)
29
3 CONCLUSÃO
O atendimento pré-hospitalar tático requer habilidades especiais inerentes a
poucos profissionais médicos. O ambiente tático apresenta particularidades
importantes, que devem ser conhecidas pelos profissionais que atuam nesse
ambiente. Sendo assim, profissionais especializados nesse tipo de atendimento são
fundamentais para a Força Terrestre brasileira. Tendo em vista que as faculdades de
medicina não adotam em seus currículos tal especialidade, creio que cabe ao
Exército Brasileiro tornar-se responsável por aprimorar e especializar seus militares
médicos nesse tipo de atendimento para atender de maneira mais eficaz e eficiente
seus combatentes que necessitarem dessa mão-de-obra especializada. A atividade
militar envolve inúmeros riscos, e há chance de militares serem feridos gravemente.
Sendo assim, o APH tático torna-se fundamental para a Força Terrestre do Brasil.
30
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